Uns anos atrás, não muitos, os propagandistas da heresia de Lutero, apostados em arrastar para a apostasia o povo católico da Outra Banda, preparavam-se para assentar arraiais em Alcochete. Fez-lhes frente o Padre Cruz com a seguinte carta, que surtiu plenamente o efeito desejado:
Caríssimos patrícios,
Visitando a Penitenciária de Coimbra, encontrei um preso sustentando doutrinas protestantes.
Disse-lhe: não posso agora discutir e mostrar-lhe a falsidade dessas doutrinas contrárias aos ensinamentos da Santa Igreja Católica.
Só lhe digo: – o que eu, graças a Deus, prego e pratico foi o que pregou e praticou de um modo extraordinário o grande apóstolo das Índias S. Francisco Xavier, um dos santos que Nosso Senhor suscitou na Sua Igreja para combater a heresia protestante. Ora, disse eu ao mesmo preso, ponha em confronto a vida extraordinária em virtude e prodígios de S. Francisco Xavier (que chegou a ressuscitar mortos com o poder de Nosso Senhor) – com a vida miserável e escandalosa de Lutero e outros que se revoltaram contra a Santa Igreja Católica.
Queridos patrícios, eu também agora não pretendo mostrar a falsidade do protestantismo, só vos digo que na nossa querida terra também nasceu o grande Rei D. Manuel, que tanto dilatou o nosso Império Português e a Santa Fé Católica que temos a dita de professar; foi também o berço do bem-aventurado Manuel Rodrigues, um dos 40 mártires do Brasil, que foram barbaramente martirizados (quando se dirigiam para o Brasil) pelos hereges protestantes, cujo chefe morreu depois miseravelmente, desesperado, uivando como os cães: enquanto os santos mártires (entre os quais o nosso santo patrício) morreram contentes, dizendo: sirvam-nos os anjos de testemunha que nós morremos pela nossa Santa Fé Católica. Lembro-vos a resposta que deu Melanchton, protestante, à sua mãe, que tinha abraçado o protestantismo a seu pedido: – «minha mãe, para viver é melhor a religião protestante, mas para morrer é melhor e mais segura a católica». Nunca um católico se arrepende, à última hora, de o ser.
Peçamos muito à nossa Mãe Santíssima Nossa Senhora (a quem os infelizes protestantes desprezam) que nos alcance a santa perseverança até ao fim da vida, para vivermos e morrermos como verdadeiros católicos – e para eles a graça da conversão, e que não tenham o atrevimento de virem à nossa terra roubar-nos o precioso tesouro da nossa Santa Fé.
Vosso patrício e muitíssimo dedicado que só deseja a vossa prosperidade e principalmente a salvação de vossas almas.
Pe. Cruz, S. J.
Fonte: Jornal «O Monumento», Nº 20, 24 de Dezembro de 1948.
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