O Activismo na base do Marxismo


Doutrina Católica
De acordo com a doutrina católica, o fundamental a tudo é o ser. Do ser provém a natureza da coisa, da natureza provém a acção: «agere sequitur esse», «a acção segue o ser». Daí se deduz que é importante o conhecimento da natureza das coisas. Quem conhece a natureza das coisas sabe agir. Eis a razão por que nós meditamos. Pela meditação conhecemos a verdade. Do conhecimento da verdade nasce a acção.

Teoria Marxista
Ao marxista não interessa o conhecimento teórico da essência das coisas, pois que as coisas não têm ser fixo. Não lhe interessa o valor do ser e da verdade, e sim o valor da eficiência e acção.
Este ponto é fundamental para compreender o marxismo. O marxismo não procura organizar uma sociedade conforme a natureza humana. Ele não admite a natureza humana como algo de fixo, que sirva de norma absoluta, que tenha que ser assim e não de outro modo. Como o homem pode ser modificado na sua essência pelo trabalho, pela acção, o papel que na sociologia e na teologia tem o ser, a natureza, é abandonado definitivamente. Para a concepção marxista o factor decisivo é a acção. Para o católico, a experiencia e a acção devem realizar aquilo que a inteligência conhece como verdadeiro e bom. A vontade segue a inteligência, a consciência. No marxismo dá-se o contrário.
Ouvi o que diz Lenine: «A concepção da prática da vida é que deve determinar a concepção fundamental da teoria do conhecimento» («Matérialisme et empiriocriticisme», Edit. Sociales, Paris, p. 123).
Para o católico a palavra de ordem é: «Vive como pensas!». Para o marxista é: «Pensa como vives!».
«Uma das particularidades do materialismo dialéctico é o seu carácter prático, sublinhando-se o facto de que a teoria depende da prática, o facto de que o fundamento da teoria é a prática, e que, por sua vez, a teoria é a prática... O critério da verdade não pode ser senão a prática social. O ponto de vista da prática é o ponto de vista primordial, fundamental da teoria marxista dialéctica do conhecimento» (Mao Tsé-Tung, «Oeuvres Choisies», Edit. Sociales, Paris, tomo I, pp. 349-350).
Não há, portanto, «doutrina» propriamente dita.
«Resulta pois que no marxismo não existe a filosofia, e sim a acção, que a filosofia se confunde com a acção mesma, uma vez que ela só afirma o que a acção a obriga a afirmar, de tal sorte que não há filosofia sem acção marxista, que a acção revolucionaria é da própria essência da filosofia, porque a missão da filosofia é realizar a mais eficaz acção material. Para um comunista consciente do seu marxismo, o comunismo não é uma verdade... o marxismo é uma acção» (Jean Daujat, «Connaître le Communisme», p. 25).
A prática é a única regra da prática, a acção é a única regra de acção. O ideal absoluto é obter a acção material levada ao máximo, ao paroxismo de eficiência e vigor.

D. Geraldo de Proença Sigaud in «Carta Pastoral sobre a seita comunista, seus erros, sua acção revolucionária e os deveres dos católicos na hora presente», 1963.

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