Um relatório do Departamento Federal de Investigação Criminal Alemão (BKA) indica que partes do Diário de Anne Frank foram alteradas ou acrescentadas depois de 1951 [Anne Frank morreu em 1945], lançando dúvidas sobre a autenticidade de toda a obra, divulgou o semanário de notícias da Alemanha Ocidental Der Spiegel.
O diário, um relato quotidiano da angústia de uma jovem judia e da sua família escondidos na sua casa, em Amsterdão, durante a invasão nazi, tocou o coração de milhões de pessoas.
O manuscrito foi examinado por ordem de um tribunal da Alemanha Ocidental como parte de uma acção por difamação movida por Otto Frank. O pai de Anne, e o único membro da família a sobreviver aos campos de concentração, contra Ernst Roemer, por este difundir a alegação de que o livro era uma fraude.
Este foi o segundo processo contra Roemer, um crítico de longa data do livro, de Frank. No primeiro caso, o tribunal decidiu a favor de Frank quando o depoimento de historiadores e grafólogos bastou para autenticar o diário.
Em Abril, porém, pouco tempo antes da morte de Frank a 19 de Agosto [de 1980], o manuscrito foi entregue a técnicos do BKA para ser examinado.
O manuscrito, na forma de três cadernos de capa dura e 324 páginas soltas encadernadas num quarto caderno, foi examinado com equipamento especial.
Os resultados dos testes realizados nos laboratórios do BKA mostram que partes da obra, principalmente do quarto volume, foram escritas com caneta esferográfica. Como as canetas esferográficas não estavam disponíveis antes de 1951, o BKA concluiu que essas partes devem ter sido acrescentadas posteriormente.
O exame do manuscrito, contudo, não revelou nenhuma evidência conclusiva que possa pôr fim às especulações sobre a autenticidade dos três primeiros cadernos.
Fonte: jornal «New York Post», 9 de Outubro de 1980.
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