O que é uma opinião?


É claro que, nesta altura, os nossos inimigos gritarão indignados: – e a liberdade de opinião, a possibilidade de exprimir à vontade o que se pensa?
Simplesmente, o que é uma opinião? O Sr. Jean-Paul Sartre abriu o caminho, decretando que o anti-semitismo não é uma opinião. E, nos nossos dias, não são opiniões a apologia do Fascismo, o aplauso ao Princípio do Chefe, o Colonialismo, o Fundamentalismo, etc., etc.
Penas graves incidem sobre quem perfilhar tais concepções. E até nesse grande baluarte do pensamento livre, que é a Áustria alemã, a velhíssima tese "a utilidade comum acima da utilidade particular" levou à extinção de um partidozinho que buscava estruturar-se.
Em nome da liberdade de opinião numerosas opiniões são banidas, sob o pretexto que não são opiniões. O monolitismo doutrinário instala-se sob a égide da luta contra o monolitismo doutrinário. Risum teneatis.
No entanto, objectar-se-á: a liberdade não tem o direito de defender-se contra os que a atacam?
Só que a liberdade ou é para todos ou não é liberdade, passando a ser imposição de umas vontades a outras. E se é imposição, adeus liberdade. Acresce que se esta for valor a acatar com reverência por quem quer que seja, estamos caídos no império de uma ideia única.

António José de Brito in posfácio a «Discursos da Revolução», 2006.

Sem comentários: