Centro


Centro. O centro, Matemática e Cosmograficamente considerado, é o ponto que está no meio do Universo. Este ponto central é simples, e como tal, não tem composição, e pelo conseguinte é indivisível, e sendo tão pequeno que não tem partes, responde a todas as partes da mais ampla circunferência; e assim tem a circunferência tão grande dependência do centro, que nem centro se pode perceber sem circunferência, nem circunferência sem centro. Como pois a Divina Sabedoria tem tirado, e como desenvolvido e desenrolado do centro o Universo, se tirardes o centro, não haverá evolução de corpos, e se faltar evolução de corpos, não terá o Mundo amplitude, e faltando esta no Mundo, os corpos dele nenhuma disposição poderão ter, nenhuma ordem, nenhum influxo, nenhum movimento; e como todas estas faltas seriam absurdos, é preciso dizer que para o centro do qual emanaram, todas as coisas se ordenam. Logo, o centro é coisa que todas as coisas apetecem; centro é o que todas as coisas desejam, como coisa absolutamente necessária para a união dos corpos e conservação do Universo. Da virtude do centro todas as virtudes dos movimentos naturais e elementais emanam; sem a virtude do centro, nem o vegetante poderia crescer, nem a ave voar, nem o quadrupede andar, nem o homem fazer acção alguma corpórea, como doutamente o mostra o Padre Atanásio Kircher no I. tomo do seu Mundo Subterrâneo, por todo o livro primeiro Centrográfico. Finalmente, do centro tudo sai e para o centro tudo se dirige.

Pe. D. Rafael Bluteau in «Suplemento ao Vocabulário Português e Latino», Parte I, 1727.

1 comentário:

Anónimo disse...

Evolução aqui tratada como movimento sobre si mesmo; que é um conceito de linha francesa. Daqui que fez sentido o "meu Deus... é uma RE VOLUÇÃO"