No ano de 1195, neste ditoso dia [15 de Agosto], governando a Barca de São Pedro, Celestino III, o Império do Oriente Isaque Ângelo, o do Ocidente Henrique V, e o Reino de Portugal Dom Sancho I. Nasceu em Lisboa, famosíssima Capital do mesmo Reino, o glorioso e portentoso Santo António. Foram seus Pais, Martim de Bulhões e Dona Teresa Taveira, ambos de claríssima nobreza e de estremada virtude. Viviam junto da Igreja Catedral de Lisboa, em casas que vemos convertidas em um asseadíssimo Templo, fábrica moderna dos Reis Dom João II e Dom Manuel, como se vê no letreiro que corre no arco da porta principal, cujas letras, por serem cortadas com artifício em pedaços de ramos e outras figuras alheias da escritura, não são muito conhecidas, formam estas palavras: Joannes II. Emmanuel I. Reges hoc opus construxerunt. É Igreja do Padroado Real, isenta do Ordinário por privilégio da Santa Sé Apostólica, administrada pelo Senado da Câmara. É hoje tão rica, tão perfeita, tão asseada, tão vistosa, e tão bem servida, que faz competência com as melhores de Portugal. Tem para seu serviço e ornato mais de cem mil cruzados de prata lavrada, dizem-se na mesma Igreja cada ano mais de trinta e duas mil Missas.
Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.
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