A emigração portuguesa em 1898


Damos começo a esta crónica relatando o que está sucedendo a muitos irmãos nossos, que tendo-se deixado levar de promessas falazes emigraram para o Brasil nos meses passados. E fazemo-lo propositadamente para que os nossos leitores vejam o que lá se passa, e não venham a ser também do número dos iludidos.
Muitos portugueses do Continente e Açores, que esperavam enriquecer nas províncias brasileiras, não têm trabalho, nem encontram colocação, e por isso ocupam-se a cavar o cacau e o café, debaixo d'um sol ardentíssimo, e isto pelo módico salário de 400 reis diários.
Outros exercem os mais vis misteres, e são tratados como a gente mais desprezível.
Um grande número anda mendigando os meios de regressar à pátria.
Por outra parte os factos comprovam que a emigração para as nossas possessões africanas é a felicidade de um sem número de famílias.

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 4º Ano, Nº 14, Fevereiro de 1898.

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