Dos assédios mouros à costa portuguesa: caso de Lagos


Alguns anos depois, sabendo os mouros o desenvolvimento de Lagos, começaram a vir da África, nas suas embarcações, denominadas chabeques, e tentaram a sua invasão, não se contentando só em levar os gados, mas fazendo cativos homens, mulheres e crianças, que vendiam para escravos em África. Os habitantes, para lhes escaparem a toda a sorte de crueldades e cativeiro, viam-se na necessidade de se refugiarem nos matos e cavernas. A esta calamidade acudiram João Lourenço, alcaide do castelo de Lagos, que diziam ser obra dos mouros, e João Parente, alvazil, governador, vereador ou juiz de primeira instância, os quais, expondo o que se passava e mostrando que em breve o lugar se despovoaria se lhe não dessem pronto remédio, conseguiram que D. Afonso IV mandasse cercar a povoação, emprestando o mesmo Rei, para isso, 12$000 reis, que mandou guardados por uma escolta de cavalaria, e, mais tarde, mais 8$000 reis. Um antigo manuscrito diz: Existe uma carta do Sr. D. Afonso IV, escrita ao senado de Lagos para continuar a obra da muralha da vila a dentro, que lhe faltavam 500 varas para se aliviarem os danos que os moradores da Vila padeciam dos mouros, que, continuamente, infestavam a costa e então tinham invadido a mesma Vila com 12 galés, o que tudo refere a dita carta que se conserva no arquivo da Câmara.

Manuel João Paulo Rocha in «Monografia de Lagos», 1909.


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