Estados Unidos de Israel



(...) Em vez disso, gostaria de ir um pouco além dos comentários feitos pelos meus colegas e sugerir não só que Israel não é um aliado, mas também que na verdade não é um amigo, porque causa danos reais aos Estados Unidos ao utilizar o seu considerável acesso ao Congresso e aos meios de comunicação para promover políticas que não são boas, nem para os Estados Unidos, nem para Israel. Tenho a certeza de que todos já ouviram a expressão "um amigo não deixa um amigo conduzir bêbado". Pois bem, os Estados Unidos têm andado a conduzir bêbados há já algum tempo, e esse comportamento perigoso tem sido, em certa medida, incentivado por Israel e pelos seus numerosos apoiantes em Washington.

Israel pode ou não ter sido um facilitador da desastrosa invasão americana do Iraque, mas é inegável que funcionários americanos extremamente próximos do governo israelita estiveram por detrás da corrida para a guerra e da falsificação de informações fraudulentas que alimentaram o processo. Se os Estados Unidos entrarem em guerra com o Irão num futuro próximo, não será porque Teerão represente uma ameaça real para a América. Será porque Israel e o seu poderoso lobby nos EUA conseguiram criar um casus belli essencialmente falso para justificar tal acção.

O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, que chegou a comentar que o 11 de Setembro foi bom para Israel, procurou repetidamente comprometer o nosso Governo a traçar linhas vermelhas que limitariam as opções da Casa Branca e que, na prática, a obrigariam a agir militarmente contra o Irão. O Congresso, por seu lado, está a avançar com legislação que comprometeria os Estados Unidos a intervir militarmente em apoio a um ataque unilateral israelita, o que significa que Israel poderia facilmente ter o poder de decidir se os EUA entram ou não em guerra. Nada relacionado com Israel se assemelha à forma como os EUA interagem com outros países.

A Dalinda e a Janet expuseram os custos em dólares e os acordos especiais de financiamento que servem para apoiar Israel, medidas que não existem para qualquer outra nação. O Congresso aprovou também na quarta-feira, como parte do United States-Israel Strategic Partnership Act, por uma votação de 410 contra 1, uma isenção para Israel do princípio de reciprocidade exigido pelo chamado Programa de Isenção de Visto. Os israelitas poderão viajar livremente para os Estados Unidos, enquanto o seu governo poderá recusar a entrada a cidadãos americanos.

Este é um privilégio que não é concedido a nenhum outro país. Um congressista chegou mesmo recentemente a apresentar um projecto de lei para cortar o financiamento federal a qualquer organização académica que participe em boicotes a Israel. Boicotar outros países parece ser aceitável.

Israel interfere nas eleições americanas. Mais recentemente, em benefício de Mitt Romney, corrompeu o nosso Congresso. O seu chefe de governo repreende publicamente o nosso chefe de Estado.

Ministros do governo insultam e ridicularizam John Kerry. E os seus agentes de informações fornecem efectivamente informações alarmistas e imprecisas em sessões privadas a senadores americanos no Capitólio. Não duvido também que Israel, habituado a comportar-se com impunidade em relação ao seu alegado amigo e patrono em Washington, possa fabricar um pretexto para arrastar os EUA para um novo conflito.

Algo que faz lembrar o caso Lavon em Alexandria, Egipto, em 1954, ou o ataque de falsa bandeira ao USS Liberty em 1967. Israel apoia actualmente com veemência o recurso à força para intervir na Síria, uma proposta que é esmagadoramente rejeitada pelo público americano. Em suma, Israel não tem qualquer relutância em utilizar o seu enorme poder político e mediático nos EUA para pressionar sucessivas administrações a conformarem-se com as suas próprias visões de política externa e de segurança.

Outra razão muito válida para que Israel não devesse receber milhares de milhões de dólares em ajuda militar anual é o seu persistente esforço de espionagem contra os Estados Unidos. Grant Smith descreveu como amigos de Israel roubaram urânio enriquecido de uma refinaria na Pensilvânia para criar um arsenal nuclear. Mais recentemente, soubemos como Arnon Milchan, um produtor de Hollywood nascido em Israel, organizou a compra ilegal de 800 detonadores nucleares.

Milchan recebeu um Óscar no último domingo sem qualquer intervenção do FBI. A existência de um grande esforço de espionagem israelita na altura do 11 de Setembro foi amplamente noticiada, envolvendo empresas israelitas em Nova Jérsia e na Florida, bem como centenas de estudantes de arte em todo o país. Cinco israelitas de uma dessas empresas foram observados a celebrar tendo como pano de fundo as Torres Gémeas a ruir.

Embora se diga frequentemente que todos espiam todos, o que é particularmente verdade quando se fala da nossa própria NSA, a espionagem é uma actividade de alto risco e a maioria dos países é extremamente cuidadosa quando espia amigos devido ao receio de retaliações. Israel, que depende de Washington para milhares de milhões em ajuda e também para cobertura política em fóruns internacionais como a ONU, não espia discretamente, em grande parte porque sabe que poucos em Washington procurarão responsabilizá-lo. Não houve, por exemplo, quaisquer consequências para os israelitas quando agentes dos serviços de informações do Mossad israelita, usando passaportes e fazendo-se passar por americanos, recrutaram terroristas para levarem a cabo ataques no interior do Irão, como referiu esta manhã Mark Perry.

Israelitas a usar passaportes dos EUA dessa forma colocam em risco todos os viajantes americanos. Israel, onde governo e empresas trabalham de mãos dadas, obteve vantagens significativas ao roubar sistematicamente tecnologia americana com aplicações tanto militares como civis. A tecnologia desenvolvida nos EUA é depois alvo de engenharia inversa e usada pelos israelitas para apoiar as suas próprias exportações.

Por vezes, quando a tecnologia é de natureza militar e acaba nas mãos de um adversário, as consequências podem ser graves. Israel vendeu sistemas de armas avançadas à China que se acredita incorporarem tecnologia desenvolvida por empresas americanas, incluindo o míssil ar-ar Python-3 e o míssil de cruzeiro Delilah. Há indícios de que Israel também roubou aviões do sistema de mísseis Patriot para os incorporar no seu próprio sistema Arrow, e que utilizou tecnologia americana obtida no seu programa de desenvolvimento do caça Lavi, que foi financiado pelos contribuintes americanos, para ajudar os chineses a desenvolver o seu próprio J-10.

A realidade da espionagem israelita é inegável. Poderia citar os nomes de Jonathan Pollard, Ben-Ami Kaddish, Stuart Nozet e Larry Franklin como espiões de Israel que foram apanhados, mas são apenas a ponta do iceberg. Israel surge sempre em destaque no relatório anual do FBI denominado Foreign Economic and Industrial Collection.

O relatório de 2005 afirma: Israel tem um programa activo para recolher informação proprietária nos Estados Unidos. Estas actividades de recolha visam principalmente obter informações sobre sistemas militares e aplicações avançadas de computação que possam ser utilizadas na considerável indústria de armamento de Israel. Acrescenta que Israel recruta espiões, usa métodos electrónicos e realiza intrusões informáticas para obter a informação.

Um relatório de 1996 do Defense Investigative Service referiu que Israel tem grande sucesso a roubar tecnologia explorando os inúmeros projectos de co-produção que tem com o Pentágono. Afirma: colocar cidadãos israelitas em indústrias-chave é uma técnica utilizada com grande sucesso. Um exame do General Accounting Office à espionagem dirigida contra as indústrias americanas de defesa e segurança descreveu como cidadãos israelitas residentes nos EUA roubaram tecnologia sensível para fabricar tubos de canhões de artilharia, obtiveram planos classificados de sistemas de reconhecimento e passaram projectos aeroespaciais sensíveis a utilizadores não autorizados.

O GAO concluiu que Israel conduz – e passo a citar – a mais agressiva operação de espionagem contra os Estados Unidos de qualquer aliado dos EUA. Em Junho de 2006, um juiz administrativo do Pentágono rejeitou um recurso interposto por um israelita a quem tinha sido negada uma autorização de segurança. Se conseguem imaginar, um israelita com uma autorização de segurança no Pentágono.

Mas, de qualquer forma, rejeitaram o recurso e afirmaram: o governo israelita está activamente envolvido em espionagem militar e industrial nos Estados Unidos. Um cidadão israelita que trabalhe nos EUA e tenha acesso a informações proprietárias é susceptível de ser alvo dessa espionagem. Mais recentemente, o oficial de contra-espionagem do FBI John Cole relatou como muitos casos de espionagem israelita foram arquivados por ordem do Departamento de Justiça.

Ele fornece uma estimativa conservadora de 125 investigações viáveis sobre espionagem israelita envolvendo tanto cidadãos americanos como israelitas que foram interrompidas devido a pressões políticas. Por isso, a resposta à pergunta se Israel é um aliado dos Estados Unidos é, definitivamente, não. Será sequer um amigo? Bem, suponho que há todos os tipos de amigos no mundo. Mas se julgarmos Israel pelo seu historial na forma como interage com o governo e o povo americanos, penso que a resposta terá igualmente de ser não.

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