O famoso Poeta Manuel de Galhegos


Manuel de Galhegos, insigne Poeta do seu tempo, a quem os Castelhanos chamaram novo Camões e Virgílio Português, e lhe deram outros títulos não menos ilustres, mas bem merecidos de seu singular engenho e admirável génio Poético, florida eloquência e viva discrição. Compôs vários Poemas, mas entre todos, o que intitulou Templo da Memória, lhe fez imortal a sua. Morreu em Lisboa neste dia [9 de Junho], ano de 1665. Jaz na Igreja de São Lourenço.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

6 de Junho: São Norberto


Norberto, nascido em 1080, em Xanten, perto de Colónia, foi educado na Côrte do Imperador. Um dia em que cavalgava, acompanhado por um criado, vê-se assaltado por um furacão. Como Paulo no caminho de Damasco, ouve uma voz a chamá-lo ao serviço da Igreja; ao mesmo tempo, rebenta um raio, lançando-o por terra. Ao levantar-se, sente Norberto o desejo de consagrar-se a Deus. Iniciado nas sagradas Ordens, dedicou-se inteiramente à pregação da palavra de Deus. Depois, guiado pelo Espírito Santo, que continua no correr dos séculos a santificar a Igreja, escolhe um retiro num lugar deserto, chamado Premonstrado, não longe de Soissons, instituindo ali a Ordem que tomou esse nome. Ao morrer o santo Fundador, a nova família contava, só nesse lugar, mais de mil cónegos regulares. São Norberto participou da plenitude do sacerdócio de Cristo, sendo sagrado Arcebispo de Magdeburgo. Ajudou o Papa Inocêncio II a triunfar do Antipapa Anacleto. Foi também amigo de São Bernardo. Depois de ter feito plenamente valer os talentos que Deus lhe confiara para a direcção de sua família religiosa e de sua diocese, «esse homem de Deus, diz o Breviário, cheio do Espírito Santo e carregado de méritos, adormeceu no Senhor, no ano da salvação 1134». – Peçamos a Deus a graça «de praticar o que São Norberto ensinou por palavras e acções».

Fonte: «Missal Quotidiano e Vesperal», 1940.

Invenção do corpo de D. Lourenço, Arcebispo de Braga


Corria o ano de 1663, quando D. João de Áustria, filho bastardo de D. Filipe IV, Rei de Espanha, entrando em Portugal pela Província de Alentejo, conquistou a Cidade de Évora, Capital da mesma Província, e pôs em grande consternação a todo o Reino; então foi quando, sobre duzentos sessenta e seis anos de sepultura, se achou neste dia [4 de Junho], do ano sobredito, o corpo do Arcebispo de Braga Dom Lourenço, único do nome naquela Primacial, tão incorrupto e fresco, e com tanta perfeição e inteireza de todas as suas feições e partes, como se naquela hora acabara de morrer. Foi o Arcebispo Dom Lourenço grande Português, e um dos que mais trabalharam pela conservação e liberdade do Reino, quando os Castelhanos, em tempo do Mestre de Avis, depois Rei, com poderosas forças o pretenderam conquistar e oprimir; e como agora se achavam Castelhanos e Portugueses no empenho da mesma conquista e defesa, reputaram geralmente os Portugueses por singular demonstração do Céu a seu favor, o expor-lhe aos olhos, em uma tal ocorrência, o corpo incorrupto daquele herói, cuja vista os podia justamente animar à defesa da liberdade; e assim sucedeu com efeito: Porque não passaram cinco dias, que não fosse roto e inteiramente desbaratado, o Exército de Dom João de Áustria, e dentro em vinte, recuperada a Cidade de Évora, como diremos em outros dias.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Agostinha Barbosa da Silva


No mesmo dia [2 de Junho], pelos anos de 1674, faleceu Agostinha Barbosa da Silva, Portuguesa. Escreveu na língua Latina as vidas dos primeiros cinco Reis de Portugal. Compôs um tratado de Arquitectura e Arimética, que se imprimiu em Castela com o nome de Pedro de Alvernoz.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Dona Teresa Afonso


Dona Teresa Afonso, filha do Conde Dom Afonso das Astúrias, mulher do ínclito herói Egas Moniz: nos estados de donzela e casada, resplandeceu em virtudes e boas obras, com vantagem conhecida às Senhoras mais ilustres daquele tempo. No de viúva, se excedeu a si mesma: edificou o nobre Mosteiro de Salzedas, da Ordem de Cister, onde jaz, foi sua morte neste dia [27 de Maio], ano de 1171.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Humanidade


Humanidade – É o Deputado Substituto pela Maçonaria, para destruir o antigo nome de Caridade, que fora consagrado pela Religião de JESUS CRISTO! Humanidade pareceu-lhes uma expressão mais nobre e mais pomposa, o que não admira, pois é natural que cheirem à terra, todos os desejos, esperanças, sentimentos e palavras dos que não conhecem outra vida melhor que a presente! Ainda fica mais airosa a palavra, quando lhe põe um vestido Grego Filantropia, e assim mesmo ninguém a busque nos sentimentos, ou corações enregelados desses homens, que de contínuo repetiam essa palavra, enquanto inundavam toda a França de sangue inocente. Ainda hoje estremeço da humanidade de um adepto, que tendo escrito contra a pena de morte, assim mesmo teve a humanidade de condenar a ela o seu Rei Luís XVI. O certo é que todos esses gritos de humanidade, filantropia e moderação, tem sido em pró desses infames trolhas, que escudados pelas doutrinas humanas tem feito quanto querem, e zombado de todo o poder das Leis civis, que são bem fraca obra, quando cessa a pena última!

D. Frei Fortunato de São Boaventura in «O Mastigóforo: Prospecto de um Dicionário das Palavras e Frases Maçónicas», Nº 2, 1824.

Perdão


Perdão. É um dever cristão perdoar aos que nos ofendem; mas o perdão exige o arrependimento do ofensor, e por essa razão não facilita a disposição para nova ofensa. Disse Jesus Cristo: «Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-lhe» (Ev. S. Luc. XVII, 3).
Quem se arrepende do mal que faz não fica com vontade de repetir a acção má. O perdão é uma consoladora esperança para os pecadores, pois disse o Evangelista S. Lucas: «Arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados» (Act. Ap. III, 19). Tal é o preço do perdão dos nossos pecados: arrependimento, acompanhado da conversão, e detestação do mal feito, começando a fazer o bem que lhe é contrário.

Pe. José Lourenço in «Dicionário da Doutrina Católica», 1945.

13 de Maio: S. Roberto Belarmino


S. Roberto Belarmino era Professor de Teologia e prégador em Lovaina; depois foi encarregado de dar cursos de controvérsia em Roma, onde teve como penitente S. Luís Gonzaga; daí foi enviado a França por Xisto V, em missão diplomática; mais tarde veio a ser provincial dos Jesuítas, em Nápoles, e finalmente Cardeal. Prestou os mais relevantes serviços aos Papas do seu tempo. Com seus livros de controvérsia deu terríveis golpes no Protestantismo. Não menos influência teve o seu Catecismo, traduzido em quarenta línguas, que espalhava por toda a parte um conhecimento seguro da Doutrina cristã. S. Roberto morreu em Roma a 17 de Setembro de 1621; foi canonizado por Pio XI em 1930 e proclamado Doutor da Igreja em 1931.

Fonte: «Missal Romano Quotidiano», 1963.

5 de Maio: Papa São Pio V


Pio nasceu em Bosco (Piemonte). Aos catorze anos entrou para a Ordem dos Dominicanos. Bispo, Cardeal e Papa, fez valer os talentos de Deus recebidos. Seu Pontificado, embora curto, foi um dos mais gloriosos do século XVI. O Protestantismo proclamara a Reforma e o Islamismo ameaçava o Ocidente. Para remediar aos males que faziam gemer a Cristandade, Pio V fez a aplicação dos decretos do Concílio de Trento, publicou uma nova edição do Missal e do Breviário, e obteve pelas suas orações a gloriosa vitória dos exércitos cristãos em Lepanto, em 1571. Instituiu, nessa ocasião, a festa de N. S. das Vitórias, que mais tarde se tornou a do Santíssimo Rosário. Morreu a 1 de Maio de 1572, recitando o hino do Tempo Pascoal.

Fonte: «Missal Quotidiano e Vesperal», 1940.

"Globalismo" confirmado por um dos seus corifeus


A 8 de Abril de 2011, o maçon, republicano e socialista António Almeida Santos, proferiu um discurso ao congresso do Partido Socialista, no qual afirmava, sob o nome de Globalização, o velho projecto maçónico da República Universal. Considero, pois, oportuno lembrar esse discurso de significado negativo, trazendo à luz aquilo que tem vindo a ser maquinado e implementado nas sombras. Passo a citar:

(...) Também não foi fácil, há duzentos anos, criar o Estado-Nação [= Constitucionalismo], e foi criado. E a União Europeia, exemplo de uma mais que tendencial Confederação do espaço continental europeu, está aí, criada sem bulha, por um método que pode voltar a ser tentado, agora a nível mundial. Se há quarenta anos me tivessem perguntado se a União Europeia de hoje era possível, eu teria dito que não. E foi, apesar de, à data, o espaço europeu vir de uma das mais cruentas guerras de sempre, e não ter, a pressionar a sua unificação, os problemas que o mundo, já globalizado por metade, hoje tem. Reconheçamos que o processo de globalização não é parcelável, nem em definitivo travável ou detenível.
Retiro esta minha esperança também do facto de, entretanto, o mundo ter entrado na fase final do seu processo de globalização. Era grande, desconhecido, dificilmente percorrível. Hoje é, a muitos títulos, um acanhado e devassado recinto. Contacta à velocidade da luz. E pode deslocar-se a velocidades superiores à do som. Imagens dele entram-nos todos os dias porta-a-dentro. É-nos familiar. Milhões de turistas diariamente o percorrem. Milhões de cidadãos diariamente contactam. Onde era o isolamento é hoje o convívio. As mais distintas identidades nacionais se fundem. O processo de globalização entrou na sua fase terminal sem recuo. Quem tentar travá-lo acabará trucidado por ele.
Soljenítsin disse no seu célebre discurso de Harvard: "quando formos milhões, já nada poderão fazer contra nós". Pois bem: já somos. Só falta que a 'lei da transformação da quantidade em qualidade' [erro comunista] faça o que lhe compete. E o que lhe compete é obrigar o modelo económico neoliberal a levantar o pé do travão, e aceitar que à globalização económica, se adicione a globalização política, e por extensão, social, fiscal e militar.
Gostava de morrer com o mundo globalizado por inteiro, e com a família humana universalizada por comuns culturas, sentimentos e afectos. Foi esse o sonho de grandes líderes políticos e espirituais. A lógica que preside ao processo histórico está com o arredondamento da actual civilização. E perante esta evidência, a tentativa da salvaguarda de soluções divisionistas e parcelares, está condenada ao fracasso.

Um "abrileiro" que não morreu iludido


Coimbra, 20 de Junho de 1975 – Estranha revolução esta, que desilude e humilha quem sempre ardentemente a desejou. A mais imunda vasa humana a vir à tona, as invejas mais sórdidas vingadas, o lugar imerecido e cobiçado tomado de assalto, a retórica balofa a fazer de inteligência. Mas teimo em crer que, apesar de tudo, valeu a pena assistir ao descalabro. Pelo menos não morro iludido, como os que partiram nas vésperas do terramoto.

Miguel Torga in «Diário», Volume XII, 1977.

Aniversário da descoberta oficial do Brasil


Excerto final da carta de Pêro Vaz de Caminha a El-Rei Dom Manuel:

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que aí não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.
E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há-de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer graça especial, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge Osório, meu genro – o que d'Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste porto seguro, da vossa ilha da Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de Maio de 1500.
Pêro Vaz de Caminha

Do Magistério infalível do Romano Pontífice


Pois o Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro para que, por revelação Sua, manifestassem uma nova doutrina, mas para que, com Sua assistência, conservassem santamente e expusessem fielmente a revelação transmitida pelos Apóstolos, ou seja, o depósito da Fé.

Fonte: Constituição Dogmática «Pastor aeternus», Cap. IV, Can. 3070, 18 de Julho de 1870.

Páscoa 2025


O blogue VERITATIS deseja a todos os amigos e leitores uma santa e feliz Páscoa da Ressurreição.

São Victor, Mártir


São Victor, mancebo ilustre, natural de Braga, sendo Catecúmeno, vivia como o mais perfeito Cristão: Os Gentios o quiseram obrigar a que adorasse os seus Deuses; Mas ele, com invicta resolução, com elevado juízo, arguiu e convenceu os Deuses de falsos, e os gentios de cegos: Afrontados estes, e agitados ferozmente do espírito da vingança, o atormentaram a ferro e fogo, com atrocíssima crueldade, mas era superior a todos os tormentos a sua constância; Cedeu, porém, a garganta ao golpe do cutelo, para que lograsse a cabeça a coroa imortal. Assim baptizado em seu próprio sangue, mereceu, com razão, que ao tempo em que sacrificava a vida em obséquio da Fé, os Anjos, com suaves melodias, lhe repetissem muitas vezes o seu nome.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Ascárico, Arcebispo de Braga


Ascárico, Arcebispo de Braga, Varão doutíssimo, como tal se opôs a Elipando, Arcebispo de Toledo, que começava a renovar e introduzir em Espanha os erros de Nestório; Ao mesmo fim convocou Concílio em Braga, e comprovou com tão eficazes e concludentes razões os dogmas da verdadeira Fé, que Elipando deu as mãos, e logo públicos sinais de arrependimento: Morreu Ascárico em longa velhice, neste dia [7 de Abril], ano de 810, deixando ilustre memória de suas grandes letras e virtudes.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Inquisição


Inquisição. Tribunal Eclesiástico estabelecido para inquirir sobre os erros na Fé católica e sobre a corrupção dos costumes. Este Santo Tribunal introduziu neste Reino o católico zelo de seus Príncipes. El-Rei D. João III alcançou a concessão deste primeira vez do Sumo Pontífice Clemente VII no ano de 1531. Foi reduzido à forma que hoje tem pelo Sumo Pontífice Paulo III no ano de 1536 à instância do mesmo Rei. O primeiro Bispo Inquisidor foi D. Diogo da Silva, Bispo de Ceuta; o segundo foi o Cardeal D. Henrique, filho d'el-Rei D. Manuel. Tem Portugal três tribunais do Sto. Ofício da Inquisição; o de Lisboa, cabeça dos mais, onde reside o Inquisidor-Geral, que sempre é Bispo, e seis Inquisidores, que chamam do Conselho Geral, ou Mesa grande, com seu Secretário; e outra mesa, chamada pequena, com três Inquisidores, um deles Presidente, e alguns Deputados, que não tem número certo, e a de Évora e Coimbra, que constam de menor número de ministros. (...)

Pe. D. Rafael Bluteau in «Vocabulário Português e Latino», Tomo IV, 1713.

O ímpio Diderot e o Catecismo Romano


Qual é o melhor livro? A esta pergunta dá uma resposta, digna de ponderação, Diderot. Foi ele um dos primeiros corifeus da filosofia ímpia do século passado. Não ousou confiar de ninguém a educação de sua filha única, menina de dez anos; ele mesmo tomou sobre si esse cuidado, ensinando-lhe o Catecismo.
Um amigo de Diderot, certa ocasião, deu com ele a ensinar o Catecismo a sua filha.
Que quer isso dizer, exclamou ele, então tu ensinas o Catecismo a tua filha? Estás em teu juízo perfeito?
Diderot, que só com seus amigos queria ser ímpio, não, porém, na presença de sua filha, franziu o sobrolho, e respondeu com gravidade: «Se conhecesse melhor livro para fazer de Maria uma menina respeitosa e terna, boa mulher e digna mãe de família, ensinar-lho-ia; em verdade, porém, não conheço no mundo livro que tudo isto possa fazer como o Catecismo; oxalá que, para a felicidade dela e minha, creia, ame e pratique tudo o que ele ensina!»

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 11, Novembro de 1895.

O Santo Monge Romano


O Santo Monge, chamado Romano, natural de Mérida, era Abade do antigo Mosteiro Cauliano da Ordem de São Bento, quando se perdeu Espanha [para os Mouros]; Vindo dar àquele Mosteiro El-Rei Dom Rodrigo [dos Visigodos], perdida a última batalha [de Guadalete], o acompanhou o Santo Monge, trazendo consigo a antiquíssima Imagem da Senhora da Nazaré, e muitas Relíquias de Santos, e fizeram assento nos confins de Portugal, no mesmo sítio onde hoje é venerada a mesma sacrossanta e milagrosa Imagem; Ali viveu Romano em uma cova, no perene exercício de orações e contemplações do Céu, e neste dia [23 de Março], ano de 716, foi a lograr o prémio de seus trabalhos.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.