Contra o mito do absolutismo


Voltando ao tema do absolutismo, tomemos o exemplo de França:

Como bem o mostraram os trabalhos de Fustel de Coulanges, o poder de Clóvis e de todos os seus sucessores, era de facto tão absoluto como o dos Reis depois de Luís XIV. Este Rei, na pessoa do qual se encarna o absolutismo, não destruiu em parte alguma os estados provinciais, os quais a monarquia costumava respeitar, quando tinham bastante vitalidade.
José Pequito Rebelo in jornal «Monarquia», Junho de 1917.

Tal como hoje em dia a esquerda acusa de "fascismo" qualquer oposição à sua direita, os liberais do século XVIII e XIX acusavam os Reis de "absolutismo" como forma de os fazer parecer odiosos, para assim melhor passar a sua mensagem revolucionária (maçónica, democrática, republicana). Foram, portanto, os liberais-iluministas quem inventou a tese do "absolutismo", segundo a qual a monarquia do período barroco seria uma degeneração totalitária da monarquia medieval – que segundo eles seria democrática. No entanto, como bem demonstrou Fustel de Coulanges, não existiam diferenças no poder do Rei entre o período medieval e o período barroco. Fica assim mais uma vez desfeita a teoria segundo a qual estávamos perante dois tipos diferentes de Monarquia. Pelo contrário, a natureza e as leis da Monarquia sempre foram as mesmas, até que surgiram os revolucionários maçónicos e introduziram o veneno do constitucionalismo, usurpando a soberania do Rei. Contudo, o pior de tudo é verificar que existem alguns monárquicos que se auto-intitulam como "tradicionalistas", mas que seguem a mesma tese maçónica sobre o absolutismo. Ora, com esses pseudo-tradicionalistas há que ter muita cautela, para que o seu erro não leve os mais desatentos. Que ninguém se engane, numa Monarquia católica, seja em França ou em Portugal, a soberania sempre residiu no Rei, responsável pela governação, e cujo poder e legitimidade vem de Deus, não do Povo por meio das Côrtes, como afirmam os falsos tradicionalistas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Como monárquico e católico que sou só aceito uma restauração da monarquia em Portugal se esta não for constitucional,porque se assim for será p mesmo que ter uma república coroada. Fico bastante admirado com a defesa que D. Duarte faz da democracia e da monarquia constitucional, indo sempre buscar os exemplos das monarquias existentes na Europa,maioritariamente protestantes,como grandes defensoras das liberdades individuais. Não quero um Rei Constitucional(que não é mais do que um presidente coroado),quero um Rei Absoluto numa verdadeira monarquia tradicional portuguesa.
Que venha um novo D. Miguel.

Ass. João Miguel

Anónimo disse...

Sou brasileiro, católico, e tenho aprendido muito com as postagens do blogue.

Eu disse...

"Absolutismo", como ficará provado definitivamente perante todo o mundo, assim Deus queira, não foi mais que uma adjectivação criada pelo iluminismo-maçonaria-liberalismo para atacar a MONARQUIA na sua versão verdadeira, antiga, aquela que tínhamos em Portugal até 1834. Esta palavra nasce nos USA e é rapidamente difundida nas Lojas de Inglaterra e França, e mais tarde alastrou-se: por exemplo, à Espanha para atacar o rei de então, agora por boca de católicos activos, e até conservadores. Um infeliz sucesso.