Beato Gonçalo de Lagos


O Beato Frei Gonçalo de Lagos, natural da Cidade deste nome, Religioso da Sagrada Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, floresceu (vai por três séculos) em virtudes e milagres, que lhe adquiriram cultos e venerações de Santo, por geral aclamação do povo e consentimento dos Prelados, que era o estilo das Beatificações antigas; A famosa Vila de Torres Vedras o elegeu Padroeiro, e tem com ele singular devoção, pelos prodigiosos efeitos, que cada dia experimenta, recorrendo ao seu patrocínio; Foi seu ditoso trânsito na mesma Vila, neste dia [15 de Outubro], ano de 1422. Jaz no Convento, que nela tem a sua Ordem.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

O sangue cristão e a "eucaristia" judaica


Com que fim procuram os judeus o sangue cristão? Já que a raça maldita tão de mãos dadas tem estado sempre com a franco-maçonaria, metemo-la também no Reinado das Trevas: e vamos responder com El Eco Franciscano a esta questão, dizendo em poucas palavras o que aquela boa revista diz em uma extensa correspondência; escrita de Jerusalém.
É certo que os judeus assassinam crianças, depois de as terem roubado à vigilância de seus pais, prova-se com os argumentos de muitos e ruidosos processos, onde semelhantes crimes foram comprovados e castigados; havendo, além disso, confissões livres de alguns neo-convertidos. O facto, pois, é inegável. A questão é saber qual o motor de semelhantes crimes. O povo, que naturalmente julga pelo que vê, atribui tudo a um ódio de séculos que a nação maldita nutre contra os cristãos. Que esse ódio existe, é indubitável; mas será essa a causa motriz do crime?
Rocca d'Adria, escritor católico muito célebre, e convertido do judaísmo, onde era tido por um dos primeiros doutores da sua seita, antes de se converter, responde com uma formal negativa. Em umas memórias, a que deu o título de – A Eucaristia e o Rito Pascoal Hebraico moderno: Revelações – demonstra com revelações inéditas e fidedignas, e com autoridades tiradas do Talmude e de outros livros mosaicos, que os judeus extraem o sangue dos cristãos, fazendo com ele e com farinha, uma espécie de mistura, para satisfazer um rito e uma crença supersticiosa que eles têm no Redentor e na sua vinda.
Eis as palavras daquele autor, que bem se pode dizer testemunha autêntica: «Os rabinos hebreus, suspeitando a divindade de Jesus Cristo, e não tendo, apesar disso, coragem para confessar publicamente a sua crença, consignaram em seus livros a vinda do Messias, e impuseram a Israel uma imitação da Comunhão Eucarística, certos (os rabinos), absolutamente certos de que sem ela (a Eucaristia) não é possível conseguir a vida eterna.»
Simplesmente horroroso!
Esta afirmativa tão categórica, tão formal e tão autorizada, vai mesmo sem comentários. Em todo o caso, vejam os pais de família que moram perto de famílias judias, se têm cuidado com seus filhos; não seja caso que o sangue deles vá ajudar a digestão a esses miseráveis.

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 13, Janeiro de 1896.

Reis de Portugal e Leão celebram Pazes em 1168


Ficou lastimado o valeroso Rei Dom Afonso Henriques, quando se viu em estado tão alheio de sua grandeza, pois sobre tantas vitórias e triunfos passados, descaindo ao presente daquele alto ponto da prosperidade que até então o acompanhara, estava não só preso, mas sua vida posta em grande perigo. El-Rei Dom Fernando não pode negar a compaixão devida a espectáculo tão triste, antes como Príncipe dotado de prudência e humanidade não só usou temperadamente da vitória, mas tratou a El-Rei Dom Afonso com grande cortesia e regalo, e não menor cuidado de sua saúde do que pudera ter o Infante Dom Sancho, filho do próprio Rei Dom Afonso. E porque o quebrantamento da perna d'El Rei pedia remédio com brevidade, o fez aplicar logo; e com a mesma diligência se foi continuando todo o tempo que El-Rei esteve em suas terras, a primeira das quais diz que foi Zamora e depois Ávila, donde cobrada alguma melhoria e firmados os contractos das pazes se tornou para seu Reino.

Frei António Brandão in «Terceira parte da Monarquia Lusitana: Que contém a História de Portugal desde o Conde Dom Henrique, até todo o reinado d'El-Rei Dom Afonso Henriques», 1632.

Ao Serafim de Assis


Como louvarei eu, Serafim Santo,
Tanta humildade, tanta penitência,
Castidade e pobreza e paciência,
Com este meu inculto e rude canto.

Argumento que às musas põe espanto,
Que faz muda a grandíloqua eloquência.
Oh imagem que a divina Providência
De si viva em vós faz para bem tanto!

Fostes de santos uma rara mina;
Almas de mil a mil ao céu mandastes
Do mundo, que perdido reformastes.

E não roubáveis só com a doutrina
As vontades mortais, mas a divina;
Pois os seus Rubis cinco lhe roubastes!

Camões

Descoberta da Cidade de Malaca


Neste dia [28 de Setembro], ano de 1509, descobriu Diogo Lopes de Sequeira a famosíssima Cidade de Malaca, e foi esta a primeira vez que as bandeiras Católicas e Portuguesas foram vistas naquele porto: Os Mouros armaram várias traições, a fim de destruírem os Portugueses, mas de todas escaparam com valor e com fortuna, reservando-se a conquista daquele célebre Empório Oriental para o Grande Afonso de Albuquerque, como em outros dias dizemos.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

São Marcos João


São Marcos, por sobrenome João, primo de São Bernabé, Discípulo dos dois primeiros e maiores lumes da Igreja, São Pedro e São Paulo, nomeado muitas vezes nas Epístolas do mesmo Santo e no livro dos Actos dos Apóstolos, mártir glorioso de Cristo; Não só ilustrou com a sua pregação o nosso Portugal, onde esteve algum tempo, mas, tempos depois, o enriqueceu com o preciosíssimo tesouro do seu corpo. Jaz na Cidade de Braga em uma Capela antiquíssima da sua invocação, sita no Campo chamado dos Remédios, em um sepulcro de jaspe; Por sua intercessão obra o Senhor muitos milagres.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Caso de um assédio republicano ao Padre Cruz


«Uma vez em Alfama...»
E o Padre Cruz não nos deixou acabar a frase.
«É uma nuvem, dolorosamente negra, na paisagem da minha vida! Já lá vão tantos anos. A República chegara, num alvoroço. Vivia-se a hora trágica da indecisão. Nas ruas da cidade, numa esquina, do escuro de um portal, a cilada, o atentado, espreitavam sinistramente.
«Eu vinha dos lados da Sé. Nunca deixei de vir à rua – mesmo quando as bombas rebentavam à porta das igrejas. Meti ali ao coração de Alfama – ia ver um doente, coitadinho. Levava-lhe qualquer coisa... Nisto, oiço uma gritaria. Eu não percebia bem. Era de noite e as luzes estavam apagadas. A algazarra avizinhou-se e, em alta grita, ecoou sonora esta sentença: Mata-se o padre! Mata-se o padre!
«O resto – diz o Padre Cruz, com a voz ainda trémula da emoção – toda a gente sabe... e não tem importância!»
O leitor que se não recorde, deve querer saber. Por isso contamos esse episódio do 14 de Maio [de 1915]. A turba cresceu. Havia furor – o ódio à Igreja era tremendo. Faias gingando, ébrios, abeiraram-se do Padre Cruz. Fizeram-lhe um cerco. Mas nenhum, dominado por aquele olhar de doçura, se resolvia a tocar-lhe. Padre Cruz, no meio deles, sereno, esperava com resignação a hora do seu sacrifício. Neste entretanto, um mais afeito, gritou: «Estamos a adorá-lo!?». A turba animou-se, pareceu despertar de ódio. Passaram, neste momento, uns marinheiros, de espingarda, na busca pelos bairros suspeitos. Viram a aglomeração, chegaram-se mais ao pé, mais ainda, até descobrirem o rosto do Padre. E logo gritaram: «Alto! É o Padre Cruz!»
Então os ébrios, debaixo da cegueira do álcool, tiveram um «Ah!» de espanto.
E mesmo ali pediram perdão – alguns a chorar. Todos o conheciam [da cadeia] do Limoeiro!

Fonte: «Vida Mundial Ilustrada: Semanário Gráfico de Actualidades», Ano II, Nº 56, 11 de Junho de 1942.

Decreto "Lamentabili sane exitu" (4ª Parte)



Nova teoria sobre a Igreja

52. Não estava no pensamento de Cristo constituir a Igreja em sociedade para durante uma longa série de séculos; muito ao contrário, no pensamento de Cristo, o Reino do Céu devia chegar com o fim iminente do mundo.
53. A constituição orgânica da Igreja não é imutável; mas, ao contrário, a sociedade cristã está sujeita, como a sociedade humana, a uma perpétua evolução.
54. Os dogmas, os sacramentos, a hierarquia, tanto na sua concepção como na realidade, não são mais do que interpretações do pensamento cristão e evoluções que aumentaram e aperfeiçoaram por desenvolvimentos externos o pequeno gérmen oculto no Evangelho.
55. Simão Pedro nem sequer suspeitou que lhe tivesse sido conferida a primazia na Igreja por Cristo.
56. A Igreja romana tornou-se a primeira de todas as Igrejas, não por uma disposição divina, mas por circunstâncias puramente políticas.

Evolucionismo absoluto e ilimitado

57. A Igreja mostra-se inimiga dos progressos das ciências naturais e teológicas.
58. A verdade não é mais imutável do que o homem, com o qual e pelo qual muda continuamente.
59. Cristo não ensinou um corpo de doutrina determinado, aplicável a todos os tempos e a todos os homens, mas provocou antes um movimento religioso adaptado ou podendo adaptar-se aos diversos tempos e lugares.
60. A doutrina cristã foi no começo judaica, depois, por evoluções sucessivas, tornou-se paulina, depois joanica, depois helénica e universal.
61. Pode dizer-se sem paradoxo que nenhum livro da Escritura, desde o primeiro do Génesis até ao último do Apocalipse, contém um doutrina absolutamente idêntica à que a Igreja professa sobre os mesmos assuntos, e, por consequência, que nenhuma parte da Escritura tem o mesmo sentido para o crítico e para o teólogo.
62. Os principais artigos do Símbolo dos Apóstolos não tinham, para os cristãos primitivos, a mesma significação que têm para os cristãos actuais.
63. A Igreja mostra-se incapaz de defender a moral evangélica, porque se mantém obstinadamente ligada a doutrinas imutáveis, incompatíveis com os progressos modernos.
64. O progresso das ciências exige a reforma da concepção da doutrina cristã acerca de Deus, da Criação, da Revelação, da Pessoa do Verbo e da Redenção.
65. O catolicismo actual não pode adaptar-se à verdadeira ciência, a não ser que se transforme em cristianismo não dogmático, isto é, em protestantismo largo e liberal.

No dia seguinte, quinta-feira, 4 do mesmo mês e ano, tendo sido feito a Sua Santidade Pio X um relatório geral fiel, Sua Santidade aprovou e confirmou o decreto dos Eminentíssimos Padres e ordenou que todas e cada uma das proposições, acima mencionadas, fossem consideradas por todos como reprovadas e proscritas.

Transladação do Mártir São Vicente


Neste dia [15 de Setembro] se viu a Metrópole da Monarquia Portuguesa ditosamente enriquecida com um tesouro de mais alto preço, que quantos (correndo os tempos) tributou o Indo ao Tejo. Entrou neste dia pela barra de Lisboa, em uma só Nau, uma riquíssima frota, porque trazia aquela só Nau (que Lisboa então tomou por Armas) o sagrado cadáver do invictíssimo e gloriosíssimo Mártir São Vicente, foi achado e conduzido no ano de 1173, a diligências do primeiro Rei de Portugal, e colocado na Capela-mor da Catedral de Lisboa, em majestoso túmulo; A mesma Cidade, com discreta e venturosa eleição, o elegeu e experimentou sempre singular advogado e beneficentíssimo Protector.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Funda-se o Convento de Santa Cruz de Lamego


No mesmo dia [14 de Setembro], dedicado à Exaltação da Cruz, no ano de 1596, teve princípio a fundação do Convento de Santa Cruz dos Cónegos Seculares da Congregação de São João Evangelista da Cidade de Lamego. Saiu da Sé o Bispo Dom António Telles, vestido em Pontifical, acompanhado do Cabido, do Clero, e de grande concurso de nobreza e povo; e chegando ao sítio da fundação, no lugar destinado para o Altar-mor da Igreja, onde estava arvorada uma Cruz, benzeu quatro pedras de dois palmos em quadro: a primeira de cor vermelha, à semelhança de rubim, que em nome da Sacratíssima Cruz de Cristo, rubricada com o seu langue, lançou na parte do Evangelho o Doutor Lourenço Mourão, natural da mesma Cidade, Desembargador do Paço, Comissário Geral da Cruzada, e principal dotador da nova fundação: a segunda pedra, que era branca, lançou na parte da Epístola, em nome da puríssima Virgem Maria Nossa Senhora o Padre Miguel do Espírito Santo, Geral dos Cónegos Seculares: a terceira de cor verde, à semelhança de esmeralda, lançou o Deão da Sé na parte direita do arco da mesma Capela, em nome do Evangelista, protector da mesma Congregação, comparado na Escritura àquela pedra preciosa: na parte esquerda lançou o Cónego Secretario da Congregação a quarta pedra de cor azul, á semelhança de safira, cm nome do Patriarca São Lourenço Justiniano. Benzeu o Bispo todo o sítio demarcado para o novo Templo, e tudo se fez com grande aplauso, e alegria da Cidade.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

O desmembramento da Monarquia (II)



Nos últimos meses do ano 1820, quando não saiam das nossas prensas senão elogios aos rebeldes e imprecações ao Governo legítimo; quando se não tratava senão de caluniar e fazer odioso esse mesmo Governo, imputando-lhe tudo o que era mau, e até aquelas mesmas infelicidades que ele com forças mais que ordinárias trabalhava por desviar da nação, mas que eram inevitáveis, como arrojadas sobre nós pelo turbilhão dos acontecimentos públicos; eu escrevi em sentido bem diverso a minha Memória sobre os meios de melhorar a indústria, de que distribui gratuitamente mais de metade da edição. Procurei reconduzir os efeitos às suas causas, os factos à sua verdadeira origem, as coisas ao seu lugar, e expus com franqueza os meus pensamentos sobre os meios de melhorar a sorte da nação, que consiste em edificar e reparar, e não em destruir e desbaratar. Porém Obras desta natureza não eram do gosto daquele tempo; e serviam somente de excitar o ódio contra os seus autores.
Vendo que o grande número, deslumbrado com promessas lisonjeiras, corria cego após de vãs quimeras, sem advertir nos perigos que estavam eminentes, procurei excitar a atenção das classes industriosas sobre os seus verdadeiros interesses. Não era possível deixar de prever a separação do Brasil e de procurar evitar as suas consequências. Tratando pois do comércio, eu dediquei a este ponto algumas páginas daquele opúsculo. «O primeiro objecto que se me apresenta (disse eu na pág. 87) é o comércio do Brasil. Com a abertura dos portos deste imenso país às nações estrangeiras perdemos o direito exclusivo de prover os seus habitantes das mercancias da Europa, e deixando Portugal de ser o entreposto dos géneros coloniais, que daqui se distribuíam para os lugares do seu consumo, só esta causa era bastante, independentemente das mais que com ela concorreram, para produzir uma revolução completa no nosso comércio e o transtorno geral das nossas antigas relações. Daqui vem os principais clamores dos nossos negociantes, porque é donde procedem as maiores perdas que sofremos em quase todas as praças com que comerciamos. Nesta nova ordem de coisas compete ao Soberano (nunca lhe neguei este nome, ainda que debaixo do jugo da facção) procurar novos laços para unir Portugal e o Brasil; porém os nossos comerciantes desenganando-se de que o sistema colonial não pode mais voltar, devem também ir alongando as vistas pela extensão do globo, para abrirem novos canais às suas especulações: Jam tempus agit res. E devem ambos os países respeitar mutuamente os vínculos do sangue, de interesse, e de reconhecimento que os ligam para permanecerem firmes na sua união.
Tem o Brasil todas proporções para vir a ser com o andar dos tempos um grande império; mas por ora é um país novo, sem fábricas, e com uma agricultura limitada, precisa dos socorros da Mãe Pátria tanto na paz como na guerra, sob pena de ficar em uma eterna infância, ou ser esmagado pelo primeiro ocupante. Olhe para os vastos territórios da América Espanhola que o rodeiam e veja neles o seu retrato. Deve além disso lembrar-se de que a Mãe Pátria lhe deu a existência.
Por outra parte é necessário que Portugal conheça as vantagens que ainda tira do Brasil»… Aqui me voltei para os nossos comerciantes, agricultores e artistas, e por meio de várias reflexões e cálculos estatísticos procurei convencê-los do muito que ainda interessava a Portugal a conservação do Brasil, insistindo principalmente nos seguintes pontos: Os produtos de um capital de 44 milhões de cruzados, que se empregavam no comércio entre os dois países; as negociações da Ásia, que quase todas se faziam pelo intermédio do Brasil; o comércio de reexportação dos géneros coloniais para países estrangeiros; o consumo que se fazia no Brasil das manufacturas das nossas fábricas, que importava em alguns milhões de cruzados por ano e de alguns dos produtos da agricultura de Portugal, e principalmente dos nossos vinhos, que excedia a 20.000 pipas por ano nos tempos imediatos à revolução de 1820, em que este consumo se tinha aumentado como se mostra dos registros públicos, apesar das sinistras vozes que corriam em contrário; porque para se fazer odiosa a administração pública em todos os seus ramos, tudo se procurava exagerar e desacreditar.
Demonstradas assim as grandes vantagens reciprocas que resulta vão aos dons países da ma união, e que agora se conhecerão melhor pela sua falta, eu continuei (pág. 91): «O Brasil, comerciando livre, crescerá sem dúvida em prosperidade, e quanto mais crescer, mais vinho e manufacturas consumirá, e maiores vantagens oferecerá a Portugal; com tanto que os dois países permaneçam ligados entre si por meio de laços recíprocos de um Governo comum, justo e sábio, que atenda com igualdade as suas vistas protectoras sobre todas as partes do império. É assim que o Reino unido poderá ainda operar os grandes desenvolvimentos, para que a natureza o convida, e o pavilhão nacional, discorrendo com dignidade por todos os mares, reconquistar a parte que nos pertence no comércio do mundo. Se pelo contrario viesse a faltar-lhe o centro de união, desorganizado o corpo da Monarquia, cada um dos seus membros perderia todo o vigor, recebendo como massa inerte as impressões que quisessem dar-lhe, até chegar o momento em que desbaratada a herança de nossos avós, o nome Português desapareceria como o fumo, confundido com o de alguma nação mais poderosa».
Estas últimas palavras não foram escritas ao acaso. Incerta ainda a facção do resultado que teriam as suas maquinações no Brasil, agitavam-se várias opiniões em seus clubs sobre a direcção que se daria aos negócios de Portugal, e segundo o que transpirava no público, prevalecia muito naquele tempo a de se unir este reino á Espanha, provavelmente debaixo de uma forma republicana, que é o ponto a que se dirigem as revoluções populares. Seguem-se no meu opúsculo alguns §§ em que expus os meus pensamentos sobre os novos laços de união reciproca entre Portugal e o Brasil: tudo inútil no estado actual. Os meus vaticínios ou não foram lidos, ou tiveram a sorte dos vaticínios da infeliz Cassandra, a quem, segundo a fábula, os Deuses concederão o conhecimento do futuro, porém determinaram que não fosse acreditada.

José Acúrsio das Neves in «Cartas de um Português aos seus Concidadãos sobre diferentes objectos de utilidade geral e individual», Carta XII, 1823.

Adágios portugueses sobre o mês de Setembro


Agosto madura, Setembro vindima.
Agosto tem a culpa, Setembro leva a fruta.
Setembro, ou seca as fontes, ou leva as pontes.

Fonte: «Vocabulário Português e Latino», Tomo VII, 1720.

O registo civil


A satânica Maçonaria envida todos os esforços para arrancar do Povo português a sua alma cristã e patriótica. Manifestações, comissões, brochuras, jornais, romances, de tudo se vale para descristianizar o Povo.
Há em Lisboa a Associação Propagadora do Registo Civil que trabalha incessantemente na sua obra imoral e anti-católica.
Os seus esforços não têm sido baldos. Já se têm feito registos civis de nascimentos e promovido enterros também civis.
Nas administrações dos bairros da Capital são aceites os registos civis de nascimento para assentar praça no Exército e na Armada.
É necessário que o Clero português não olhe de braços cruzados e indiferente para essa onda avassaladora dos princípios religiosos e cristãos. A missão do Clero é nobre e digna, cumpre que ele bem a desempenhe.

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 20, Agosto de 1896.

Pedro Nunes


Pedro Nunes, Português, nascido em Alcácer do Sal, o mais douto homem nas Matemáticas que viu o seu tempo, e por ventura os futuros. Escreveu excelentes livros daquele assunto na língua Latina e Portuguesa. Morreu neste dia [29 de Agosto], de setenta e três anos, no de 1615.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Os destruidores


Nós, judeus, somos acusados de sermos destruidores: tudo o que vocês constroem, nós destruímos. Isso é verdade apenas num sentido relativo. Nós não somos deliberadamente iconoclastas: não somos inimigos das vossas instituições simplesmente por causa da nossa antipatia. Nós somos uma massa apátrida que procura satisfação para os nossos instintos construtivos. E nas vossas instituições não conseguimos encontrar satisfação; elas são as instituições lúdicas dos esplêndidos filhos do homem – e não do próprio homem. Nós procuramos adaptar as vossas instituições às nossas necessidades, porque enquanto existirmos necessitamos de ter expressão; e tentando reconstruí-las para as nossas necessidades, desconstruímo-las para as vossas.
(...)
Um século de tolerância parcial deu-nos, a nós, judeus, acesso ao vosso mundo. Nesse período, foi feita a grande tentativa, pela guarda avançada da reconciliação, de unir os nossos dois mundos. Foi um século de fracasso. Os nossos radicais judeus estão a começar a compreendê-lo vagamente.
Nós, judeus, nós, os destruidores, continuaremos a ser eternamente destruidores. Nada do que vocês façam irá ao encontro das nossas necessidades e exigências. Destruiremos para sempre porque precisamos de um mundo próprio, um mundo divino, que não é da vossa natureza construir. Para além de todas as alianças temporárias com esta ou aquela facção, reside a divisão final entre natureza e destino, a inimizade entre o Jogo e Deus. Mas aqueles de nós que não conseguem compreender esta verdade serão sempre encontrados em aliança com as vossas facções rebeldes, até que chegue a desilusão. O destino miserável que nos espalhou entre vós impôs-nos este papel indesejável.

Maurice Samuel in «You Gentiles», 1924.

Frei Heitor Pinto


Frei Heitor Pinto, Português, natural da nobre Vila da Covilhã: Depois de estudar Direito nas Universidades de Coimbra e Salamanca, professou o hábito da Sagrada Religião de São Jerónimo: Foi excelente Teólogo e versadíssimo nas exposições da Sagrada Escritura, cuja Cadeira leu muitos anos, com maravilhosa aceitação na Universidade de Coimbra: Escreveu e imprimiu sobre alguns livros dela doutíssimos Comentários: Os seus Diálogos foram e serão sempre estimadíssimos, e como tais foram impressos muitas vezes e traduzidos em várias línguas; Morreu em Castela, no seu Convento de Guadalupe, neste dia [19 de Agosto], ano de 1584.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.