Clemente XII e a condenação da Maçonaria


Da leitura da Bula que contra os franco-mações publicou o SS. Pontífice Clemente XII, a 27 de Abril de 1738, extraímos os pontos principais, para instrução e precaução dos fiéis.
São palavras textuais as seguintes:
1º «Com todo o nosso poder apostólico, determinamos e decretamos, condenar e proibir, como condenamos e proibimos, pela nossa presente Bula, para sempre valiosa, as ditas sociedades, juntas, ajuntamentos, congregações, assembleias ou conventículos de Pedreiros-livres, Franco-mações, ou qualquer que seja o seu nome.»
2º «Em virtude de santa obediência, ordenamos a todos e a cada um dos fiéis cristãos, de qualquer estado, grau, condição, ordem, dignidade e proeminência que sejam, leigos ou eclesiásticos, tanto seculares como regulares… que nenhum, debaixo de qualquer pretexto, ou estudada côr, se atreva ou presuma entrar nas sobreditas sociedades de Pedreiros-livres ou Franco-mações… nem propagá-las, abraçá-las, ou em suas casas, ou domínios, ou em parte alguma recebê-los e ocultá-los; nelas alistar-se, agregar-se ou ter parte, nem também dar poder ou comodidade para que em parte alguma se convoquem, nem ministrar-lhes coisa alguma, ou prestar-lhes conselho, auxílio ou favor, abertamente ou em segredo, directa ou indirectamente, por si ou por outros, de qualquer modo; nem exortar sequer, induzir, provocar ou persuadir a outros que se alistem, conservem ou intervenham em tais sociedades, ou de qualquer modo as ajudem e fomentem; mas antes, que totalmente se devem abster das mesmas sociedades, das suas reuniões, ajuntamentos, congregações, assembleias e conventículos; sob pena de excomunhão, ipso facto, da qual ninguém poderá ser absolvido (excepto em artigo de morte) senão por Nós, ou pelo Romano Pontífice que nesse tempo existir.»
Aqueles, pois, que por ignorância tenham dado seu nome à Franco-maçonaria, aí têm o suficiente, para verem se devem ou não continuar a incorrer em tão graves penas como é a excomunhão.

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 17, Maio de 1896.

Vitória admirável de D. Afonso Henriques em Palmela


Sendo o grande Rei Dom Afonso Henriques já de setenta e um anos de idade, assim andava envolto nas facções militares contra os infiéis, como se estivera no ardor dos primeiros anos. No de 1165 conquistou a Vila de Sesimbra, fortíssima então; E quando já estava capitulando, destacou das suas tropas sessenta de Cavalo e um pequeno esquadrão de Infantes, com intento de dar uma vista ao Castelo de Palmela, naqueles tempos inexpugnável. Vinha pelo mesmo caminho a socorrer Sesimbra, o Rei Mouro de Badajoz, e trazia quatro mil de Cavalo e sessenta mil de pé; E como os inimigos entendiam que o nosso Rei estava ainda sobre Sesimbra, nesta consideração marchavam sem ordem e sem temor de algum acometimento. Viu El-Rei aquela multidão tumultuária e confusa, e logo se inflamou em tão elevados e generosos brios, que dando de esporas ao cavalo, enristando a lança, mandou aos seus que o seguissem. Só a resolução, neste caso, merecia elogios imortais; Mas o sucesso assim correspondeu a ela, que, postos os Mouros em confusão, entendendo que tinham sobre si todo o poder dos Portugueses, voltaram as costas, e tropeçando uns em outros, foram destroçados inteiramente. Sucedeu esta milagrosa vitória neste dia [21 de Fevereiro], no ano acima referido, e pouco depois, se rendeu o Castelo de Palmela, mais à fama de tão ilustre feito, que aos impulsos de alguma expugnação.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Da desagregação familiar na sociedade capitalista


Nunca é demais repetir que aquilo que destruiu a Família no mundo moderno foi o Capitalismo. Sem dúvida, poderia ter sido o Comunismo, caso este tivesse alguma oportunidade fora daquele deserto semi-mongol onde de facto floresce. Mas no que nos diz respeito, o que desfez os lares, encorajou os divórcios e tratou as antigas virtudes domésticas com um desprezo cada vez maior, foi a época e o poder do Capitalismo. Foi o Capitalismo que fomentou um conflito moral e uma competição comercial entre os sexos; que destruiu a influência dos pais em favor da influência dos patrões; que empurrou os homens para fora dos seus lares em busca de empregos; que os forçou a viver perto das fábricas ou das empresas, em vez de perto das suas famílias; e, acima de tudo, que encorajou, por razões comerciais, um espectáculo de publicidade e novidades berrantes, que são, por natureza, a morte de tudo o que os nossos pais e mães chamavam de dignidade e modéstia. Não foi o bolchevique, mas sim o patrão, o publicitário, o vendedor e o comerciante que, como uma turba desenfreada de bárbaros, derrubaram e pisotearam a antiga estátua romana da Verecúndia.

G. K. Chesterton in «The Well and the Shallows», 1935.

Beato Frei Pedro da Guarda


O Beato Fr. Pedro da Guarda, natural da Cidade deste nome, Religioso Leigo da sagrada Religião dos Menores, Varão de simplicidade santa e de heróica santidade: Obrou em vida grandes maravilhas, e depois da sua morte as experimentam contínuas os Fiéis, que imploram a sua intercessão. A piedade dos mesmos Fiéis lhe rende, mais há de dois séculos, venerações de Santo, e como de tal são estimadas as suas Relíquias, e os seus retractos. Sucedeu sua ditosa morte neste dia [11 de Fevereiro] no Convento de S. Bernardino da Ilha da Madeira, ano de 1505, com setenta de idade e quarenta de Religião.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Da criação do "Lar Hebreu" na Palestina


Carta do Núncio Apostólico nos E.U.A., o Arcebispo Amleto Cicognani, ao enviado do Presidente Franklin Roosevelt, o Embaixador Myron Taylor – 22 de Junho de 1943:

Vossa Excelência,

Em referência à nossa conversa de há alguns dias, desejo apresentar para consideração e atenção de Vossa Excelência os seguintes pontos relativos à situação na Palestina.

A Santa Sé, apesar das graves dificuldades, tem manifestado constantemente um profundo interesse e preocupação pelos "não-arianos". Isto é claramente demonstrado pela recente acção tomada em favor dos jovens e crianças judias internados na Eslováquia, para impedir a sua remoção daquela República.

O auxílio da Santa Sé foi recentemente solicitado para ajudar a superar dificuldades, de modo a permitir que crianças judias sejam transportadas para a Palestina. O seu acolhimento, a partir de países europeus, foi autorizado pelo Governo Britânico.

Embora a Santa Sé esteja profundamente interessada no bem-estar dessas crianças, parece oportuno recordar, nesta altura, a questão geral do "Lar Hebreu" na Palestina. Desde 1917, quando a questão surgiu pela primeira vez, a Santa Sé tem manifestado a sua posição sobre o assunto e tem-na repetido em vários documentos formais.

Em 1919, Sua Santidade, o Papa Bento XV, ao discursar num Consistório de Cardeais, mencionou a grande solicitude que os Papas têm demonstrado pela preservação dos lugares santos e veneráveis da Palestina. Durante anos, sacrificaram-se para os manter longe das mãos dos infiéis. Agora que a sua posse foi assegurada, deve ser protegida e reforçada. Se o poder dos infiéis na Palestina aumentar, os monumentos estarão novamente em perigo. (A.A.S. Vol. XI, página 100).

A 13 de Junho de 1921, o mesmo Soberano Pontífice salientou que, embora não quisesse interferir em qualquer direito do povo Judeu, também não desejava prejudicar de nenhuma forma os direitos dos Cristãos na Palestina (A.A.S. Vol. XIII, página 283). A posição da Igreja foi expressa num aide-mémoire ao Conselho da Sociedade das Nações, a 4 de Junho de 1922. Junta-se a esta carta uma cópia desse documento, bem como uma cópia de uma carta do Cardeal Gasparri, datada de 6 de Março de 1922.

Nesta questão, há dois pontos a considerar. O primeiro diz respeito aos Lugares Santos (por exemplo, a Basílica do Santo Sepulcro, Belém, etc.). Os Católicos regozijam-se por deterem certos direitos sobre esses lugares, e, por justiça, tais direitos devem ser reconhecidos e respeitados. Garantias formais e reiteradas de que esses direitos serão respeitados, são sempre necessárias e voltarão a ser exigidas após a presente guerra.

O segundo ponto diz respeito à própria Palestina. Os Católicos do mundo inteiro nutrem uma profunda devoção por esta terra, santificada pela presença do Redentor e estimada como o berço do Cristianismo. Se a maior parte da Palestina fosse concedida ao povo Judeu, isso representaria um duro golpe para a ligação religiosa que os Católicos mantêm com esta terra. Ter o povo Judeu em maioria, seria uma interferência no exercício pacífico dos direitos que os Católicos já possuem na Terra Santa.

É verdade que, em tempos, a Palestina foi habitada pela raça Hebraica, mas não há nenhum princípio histórico que justifique a necessidade de um povo regressar a uma terra que deixou há dezanove séculos.

Se se deseja um "Lar Hebreu", não seria difícil encontrar um território mais adequado do que a Palestina. Com o aumento da população Judaica na região, surgiriam novos e graves problemas internacionais. Os Católicos do mundo inteiro ficariam indignados. A Santa Sé ficaria triste – e com razão – com tal movimento, pois não estaria de acordo com a assistência caritativa que os não-arianos têm recebido e continuarão a receber das mãos do Vaticano.

Estou confiante de que, a partir destes pontos, Vossa Excelência compreenderá a posição da Santa Sé nesta matéria.

Com sentimentos de estima e votos de felicidades, subscrevo-me,
Atenciosamente,

A. G. Cicognani
Arcebispo de Laodicea
Núncio Apostólico nos E.U.A.

São João de Brito


O Venerável Padre João de Brito, natural de Lisboa, filho de Salvador de Brito Pereira, fidalgo da casa de Sua Majestade, e de sua mulher Dona Brites Pereira, foi perfeito Religioso da Companhia de Jesus, e um dos maiores imitadores de São Francisco Xavier nas santas fadigas e missões da Índia, nos trabalhos que suportou, no zelo e fervor da salvação de inumeráveis almas que baptizou, converteu e lucrou para Deus; por cujo amor padeceu o glorioso martírio de ser degolado em ódio de nossa Santa Fé, na Cidade de Urgur, ou mais propriamente Oreuy-ur, no Reino de Maravá da Província do Malabar, neste dia [4 de Fevereiro] de 1693, com quarenta e seis de idade, trinta e um da Companhia, e quase vinte de insigne Operário Evangélico. [Foi canonizado em 1947, por Pio XII].

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Dom Soeiro Gomes


Dom Soeiro Gomes, Bispo de Lisboa, Varão de extremada virtude e de insigne valor. Promoveu e conseguiu a conquita de Alcácer do Sal, pelos anos de 1219. Depois, se retirou a Santarém, e recebeu o hábito da sagrada Religião dos Prégadores, que então começava a florescer. Ali morreu santissimamente neste dia [29 de Janeiro], ano de 1232.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Martim Moniz na reconquista de Lisboa aos Mouros


Durou o combate seis horas contínuas, em que se pelejou com fúria desusada. Morreu Martim Moniz à entrada da porta que conserva o seu nome, parte mais arriscada por onde os Portugueses acometeram. Uns dizem que tendo os nossos entrado na Cidade e sendo rebatidos dos Mouros que pretendiam fechar outra vez aquela porta, pelejou com tanto valor o esforçado Capitão, até que perdendo a vida, fez de seu corpo ponte para os nossos passarem, e impediu aos Mouros seu intento. Outros querem que sendo ferido na entrada desta porta de um golpe mortal, foi milagrosamente seguindo e ferindo os Mouros com a cabeça meia cortada até cair morto na outra parte do Castelo, para onde fica a Igreja do Apóstolo Santiago. De qualquer modo, se teve sua morte por notável, e em um nicho sobre a mesma porta se mandou pôr uma cabeça de pedra, que ainda hoje se conserva em memória sua. Honrosa lembrança e justa remuneração devida a quem com tanta glória ofereceu a vida pela Fé e honra da Pátria, na entrada da maior Cidade, no lugar de maior dificuldade.

Frei António Brandão in «Terceira parte da Monarquia Lusitana: Que contém a História de Portugal desde o Conde Dom Henrique, até todo o reinado d'el-Rei Dom Afonso Henriques», 1632.

Nascimento d'El-Rei Dom Sebastião


No mesmo dia [20 de Janeiro], ano de 1551, nasceu em Lisboa El-Rei Dom Sebastião, filho do Príncipe Dom João e da Princesa Dona Joana. Sobrevieram as dores à Princesa pela meia-noite, e logo a Cidade toda se comoveu, e sem detença se fizeram públicas preces pelo bom sucesso do parto, que sucedeu pelas oito horas da manhã; Uma velha, algumas horas antes, entrou em São Domingos, e fez assentar no Livro da Confraria do Senhor Jesus ao Príncipe Dom Sebastião, antevendo (como mostrou o efeito) o nome e o sexo do mesmo Príncipe, que ainda não era nascido naquela hora.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Perseguição maçónica a Dona Carlota e Dom Miguel


aqui tinha referido a perseguição criminosa feita à Rainha D. Carlota e ao Infante D. Miguel, assunto que é da maior importância, e que agora aprofundo mais um pouco:

Não são destituídos de interesse, para a questão, alguns artigos das Instruções Maçónicas do Grande Oriente Espanhol-Egípcio.
Art.º 3. Os franco-mações, nossos irmãos de Portugal, devem trabalhar para a separação de Dom João VI de sua Esposa. Devem com o maior cuidado vigiar o comportamento e a vida íntima da Rainha, assim como trabalhar por conhecer todas as conversações entre Dom Miguel e sua Mãe. Contudo é necessário que isto se faça com precauções extremas e com muita perspicácia, pois é indispensável que sejamos informados de tudo o que se passa.
Art.º 4. Deve-se procurar o meio de abrir todas as cartas da Rainha, a fim de conhecer as suas relações e de copiar delas tudo o que possa ter algum interesse para a Ordem. Todas estas informações, cópias, etc. devem ser transmitidas ao Conselho Soberano e ao Grão-Mestre da Ordem.
Art.º 6. Os irmãos devem empregar todos os meios para ganhar o diplomata C. P. (Palmela), que é partidário das Câmaras inglesas. Todos os outros os temos já tornado inimigos da Rainha e de seu Filho. Não temos nada a temer, e, no momento dado, tudo será preparado por nós para o restabelecimento da Constituição.
Art.º 18. Como é um princípio elementar de política, que é necessário dividir para mais facilmente vencer, é necessário trabalhar para semear a discórdia no seio da Família Real e introduzir de uma maneira hábil o espírito de desconfiança no Palácio, de sorte que aí se desconfie de todos, e que aqueles que dirigem o Estado estejam cheios de desassossego e medo, resultando daqui que as suas resoluções terão uma hesitação, o que acontecerá ainda aos homens perspicazes e dotados da melhor vontade a favor da Monarquia.
Lê-se ainda nestas Instruções, em relação ao Infante e à Rainha:
«Se como se deve esperar, a Rainha e seu Filho se opõem à Revolução, aproveitando-se da sua influência, e trabalham contra nós, fazendo demitir o Ministério, será então necessário que todos os diplomatas e todos aqueles que pertencem à Ordem, se reúnam para protestar contra semelhantes medidas e para declarar em face da Europa que a Rainha e o Infante lesam os direitos da legitimidade. Deve-se trabalhar para decidir os representantes estrangeiros a tomarem parte neste acto, em nome dos seus Soberanos. Desta arte os ministros serão conservados ou reintegrados no poder, e, sem o conhecer, Dom João VI preparará tudo para chegar à última vergonha a que o queremos arrastar.
«Se a Rainha e Dom Miguel, que conhecem o perigo que ameaça Portugal, e de que o Rei, enganado, nada sabe, persistem em contraminar o nosso desígnio de destronar o déspota e de restabelecer a Constituição, é de absoluta necessidade decidir o Rei a banir sua Esposa e seu Filho de terra portuguesa, para o que se procurarão pretextos aparentes que justifiquem a proscrição, o que nos será de uma extrema utilidade.»

Hermann Kuhn in «Dom Miguel de Portugal e o seu tempo», 1867.

Dos velhos aos novos arquétipos


Quando os homens são proibidos de honrar um rei, honram milionários, atletas ou estrelas de cinema; até mesmo prostitutas famosas ou gangsters. Pois a natureza espiritual, tal como a natureza corporal, precisa ser alimentada; neguem-lhe comida e ela devorará veneno.

C. S. Lewis in revista «The Spectator», 27 de Agosto de 1943.

O exemplo arrasta


Todos confessam que o exemplo é uma potência poderosa para nos levar ao bem ou ao mal.
E a propósito, ouçamos o que disse um sacerdote em N. Senhora da Anunciação, de Passy, pedindo aos fiéis que o desculpassem por ter vindo tarde presidir ao Rosário:
«Hoje chego tarde à reunião, porque durante o dia tive onze baptizados, sendo cinco agora mesmo; admirado por ver tantos baptizados no mesmo dia e de meninos de todas as idades, perguntei aos pais qual era a causa, e responderam-me: – O procedimento do Czar nos resolveu

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 23, Novembro de 1896.

Lírico, primeiro Conde da Flandres


Lírico, Português, natural de Lisboa, de nobilíssima geração, e da primeira nobreza dos Godos; vendo sua pátria oprimida do Jugo Agareno, passou a França, onde, debaixo das bandeiras de Carlos Martelo, Pepino e Carlos Magno, fez tão esclarecidas proezas, que mereceu os eminentes cargos de Adiantado na terra e Almirante do mar daquele Reino. Crescendo com os prémios as acções, lhe deu Carlos Magno a investidura dos Estados de Flandes, que governou com o título de Conde (e foi o primeiro) por espaço de dezasseis anos, plantando a Fé e desterrando muitas relíquias da gentilidade, que ainda ali permaneciam, e arrancando a perniciosa planta de falsos dogmas, que já ali também começavam a brotar; Razão porque foi chamado Martelo de hereges. Edificando, e consagrando templos a Deus e a sua Mãe Santíssima, e dando a seus Vassalos rectíssimas Leis. Casou com Hermengarda, filha de Gerardo de Rossilhão, da qual houve a Engarano, que lhe sucedeu nos Estados, e foi deles o segundo Conde. Morreu Lírico neste dia [6 de Janeiro], ano de 808, deixando no Mundo ilustre fama, de igualmente virtuoso e valeroso Príncipe.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Falecimento do Príncipe D. João de Portugal


No mesmo dia [2 de Janeiro], em terça-feira, das três para as quatro horas depois do meio-dia, ano de 1554, com dezasseis de idade, morreu o Príncipe Dom João, filho dos Reis Dom João III e Dona Catarina, casado de pouco mais de um ano, com a Princesa Dona Joana, filha do Imperador Carlos V. Não quis a Providência Divina, por seus altíssimos juízos, que Portugal gozasse mais tempo este Príncipe, que o era de grandes esperanças. O nascimento d'El-Rei Dom Sebastião, seu filho póstumo, mitigou de algum modo a dor da sua perda, mas para maior perda e perdurável dor da nação Portuguesa.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Presépio


Presépio. Dá-se este nome à gruta onde nasceu Jesus Cristo, em Belém. É uma gruta irregular, aberta na rocha, no campo, a pouca distância da pequena cidade. Está transformada em igreja [Basílica da Natividade], que não recebe luz do exterior e é iluminada por muitas lâmpadas. Também se dá o nome de presépio ao lugar que os fiéis preparam na igreja, ou em suas casas, para comemorarem, com imagens religiosas, o nascimento do Menino Jesus. [Este é um bom costume cristão iniciado por São Francisco de Assis].

Pe. José Lourenço in «Dicionário da Doutrina Católica», 1945.