Deste modo, a principal estratégia revolucionária, além da guerrilha em países subdesenvolvidos, é a descoberta por António Gramsci e hoje em dia aplicada pelos partidos comunistas. Trata-se de conquistar o poder por meio do domínio da Cultura, das instituições tradicionais, do desarmamento ideológico. O objectivo não é ganhar eleições e ter votos: é eliminar a influência da Igreja, conquistar a Universidade e a Escola, controlar o Exército, possuir os meios de comunicação, bombardear a população com novos conceitos, fazendo as pessoas mudar a sua mundivisão. Em resumo: é a conquista ideológica do Estado, que uma vez efectuada, é seguida pela tomada do poder.
É neste sentido que os esforços se encaminham e não há dúvida que esta estratégia revolucionária parece ser a mais adequada às sociedades modernas, tão vulneráveis e com tantos pontos-chave. Na rota para este objectivo, de pouca relevância será o resultado das votações, porque não é aí que assenta a manobra. Muito mais importante se revelará o domínio de um jornal, a conquista de uma empresa, o controle de um bispo ou de um general, a publicação de uma revista pornográfica, a criação de um grupo de intelectuais afectos às directivas do partido.
António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto in «Introdução à Política», 1977.
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